Em 2024, até o momento, o Brasil registrou 709 casos confirmados ou prováveis de mpox - antes chamada de "varíola do macaco". O número parcial divulgado pelo Ministério da Saúde indica uma queda se comparado ao pico da doença, em 2022, quando no total foram mais de 10 mil casos notificados. Ainda assim, a pasta cita o dado como “bastante modesto, embora não desprezível”.
— Sem absolutamente menosprezar os riscos dessa nova epidemia, o risco de pandemia e tudo o mais, o que trago do Brasil não é ainda um cenário que nos faça temer um aumento muito abrupto no número de casos — avaliou o diretor do Departamento de HIV, Aids, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da pasta, Draurio Barreira, nesta terça-feira (13), ao relatar a situação epidemiológica da mpox no Brasil.
No webinário, Draurio lembrou que, para esta quarta-feira (14), a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou comitê de emergência para avaliar o cenário de mpox na África e o risco de disseminação internacional da doença. A decisão levou em conta o registro de casos fora da República Democrática do Congo, onde as infecções estão em ascensão há mais de dois anos, além de uma mutação que levou à transmissão do vírus de pessoa para pessoa.
O fato é que temos um aumento absolutamente sem precedentes na África, não só em número de casos em países que já haviam sido acometidos, como também em países vizinhos e que ainda não tinham relatado nenhum caso de mpox — disse Barreira.
Para Draurio, o quadro epidêmico de mpox ainda está circunscrito ao continente africano, mas, pelo cenário de globalização, "ter um caso na África, na Ásia, em qualquer lugar, significa um risco disso se tornar rapidamente uma epidemia global”:
— A gente tem uma atenção muito especial em relação ao mpox porque, no início da epidemia, em 2022, os dois países mais acometidos, não só em valores absolutos, mas também em incidência, foram os Estados Unidos e o Brasil.
Dados do ministério apontam que, entre 2022 a 2024, o Brasil registrou quase 12 mil casos confirmados e 366 casos prováveis de mpox. Há ainda 66 casos classificados como suspeitos e um total de 46.354 casos descartados.
Os números mostram o seguinte perfil epidemiológico das infecções por mpox no Brasil: 91,3% dos casos se concentram no sexo masculino, sendo que 70% dos homens diagnosticados com a doença têm entre 19 e 39 anos. A idade mediana definida pela pasta é de 32 anos. Além disso, 3,7% dos casos foram registrados na faixa etária até 17 anos e 1,1%, entre crianças de até quatro anos.
O Ministério da Saúde considera que a infecção apresenta complicações em um número bastante reduzido de casos: 3,1% dos pacientes foram hospitalizados por necessidades clínicas ou por algum agravamento do quadro clínico; 0,6% foram hospitalizados com o propósito de isolamento; e 1,6% foram hospitalizados por motivos desconhecidos. Ao todo, 45 casos foram internados em unidades de terapia intensiva (UTIs).
A taxa de letalidade da doença, neste momento, é de 0,14% no Brasil. Ao todo, 16 óbitos foram contabilizados desde 2022, nenhum este ano.