Recentemente, uma foto viralizou nas redes sociais: um cartaz bem grande diante de uma farmácia anunciava "Temos Ozempic". A imagem é impactante, pois revela o consumo desenfreado de um medicamento vendido como pão quente na padaria. Com semaglutida como princípio ativo, o remédio é prescrito para diabetes, mas vem sendo usado indiscriminadamente para emagrecimento devido ao seu efeito de diminuir a fome.
Entre a preocupação e a empolgação com essa tendência, busquei a opinião de especialistas sobre o impacto deste potencial marco na indústria farmacêutica. Perguntei ao endocrinologista Airton Golbert, da Santa Casa de Porto Alegre, se estava otimista:
— Com certeza! — respondeu sem hesitar.
Golbert enfatiza a necessidade de prescrição e considera o medicamento extremamente benéfico. Segundo ele, a obesidade é um dos maiores fatores de risco para diabetes, e novas medicações são bem-vindas quando usadas com supervisão médica.
Perguntei à Carolina Moser, psiquiatra especializada em Transtornos Alimentares, se compartilhava desse otimismo:
— Depende — disse ela.
Ela vê o medicamento como um auxílio potencial, mas alerta que as evidências sobre sua eficácia na redução da compulsão alimentar ainda são limitadas.
A nutricionista comportamental Ivana Goulart avalia que pode ser uma ótima ferramenta contra a obesidade, sobrepeso e diabetes, desde que utilizada com responsabilidade. Entretanto, ela demonstra preocupação com o seu uso descontrolado.
Gabriel Merlin, treinador de fisiculturismo, nota um aumento no uso recreativo do Ozempic nas academias, apesar do preço alto do remédio. Ele alerta para o risco de desnutrição, já que o medicamento reduz o consumo de calorias, proteínas e nutrientes essenciais que são importantes para a saúde e para energia na hora de fazer os exercícios físicos.
Todos os especialistas consultados concordam na necessidade de orientação médica. Neste mês, outro medicamento com o mesmo princípio ativo do Ozempic deve chegar ao mercado, sinalizando uma nova fase na indústria farmacêutica. E quanto ao dilema entre preocupação ou empolgação? Adoto um otimismo cauteloso, esperando que essa revolução ajude a prevenir doenças provocadas pela obesidade.