Tenho com o Hospital Mãe de Deus uma relação muito especial. Foi lá que em março de 1991 nasceu Eduardo, meu primeiro filho. E foi lá que no final de 2022 e início de 2023 fiz o tratamento para combater um linfoma descoberto por acaso. Isso sem contar as tantas vezes que levei meus filhos na emergência da traumatologia, fiz check-ups ou recorri na hora de algum sintoma estranho, sempre atendida por profissionais atenciosos e tecnicamente preparados.
Em uma das minhas internações, meu marido teve pneumonia e foi internado num quarto em frente, gentileza da equipe para que pudéssemos abanar um para o outro e trocar algumas palavras sem ser pelo WhatsApp.
Na covid, o Mãe de Deus salvou centenas de vida. Seus profissionais arriscaram a própria vida, alguns morreram e os remanescentes têm histórias chocantes para contar.
Por essa relação emocional, fiquei profundamente abalada quando a enchente alagou as Ruas Costa e José de Alencar e, pela primeira vez, deixou o hospital debaixo d'água. Em uma operação de guerra, os pacientes tiveram de ser transferidos para outras instituições. Como num filme, ambulâncias cruzavam a cidade transportando bebês que estavam na UTI neonatal, caminhões do exército ajudavam na remoção de pacientes em estado menos grave, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e funcionários administrativos entraram na água para salvar pessoas, medicamentos e equipamentos antes que tudo ficasse interrompido. Todos os pacientes sobreviveram.
Naqueles dias de desesperança, perguntei como eu poderia ajudar o hospital que me salvou. Nada havia a ser feito. Mas agora veio a resposta bem singela: “ajude-nos a divulgar que voltamos”. Sim, o Mãe de Deus está de portas abertas para a comunidade que confia nos seus serviços. Foi preciso fazer alterações de emergência, porque tudo o que funcionava no subsolo teve de ser transferido — da farmácia de medicamentos (levada para o quinto andar) à emergência de traumatologia, que funcionava no subsolo e agora está no térreo da José de Alencar.
Só não voltou ainda a maternidade, o que está causando apreensão entre os funcionários, mas minha esperança é de que volte — mesmo que menor, já que no Rio Grande do Sul não nascem tantos bebês quanto nasciam nos anos 1990, quando meu filho nasceu.