No Rio Grande do Sul, onde a maioria da população e do eleitorado é do sexo feminino, 39 prefeitas foram eleitas no domingo (6). O número indica pequeno aumento em comparação a eleições anteriores, mas ainda representa apenas 7,9% dos municípios.
Nas cinco cidades gaúchas que terão segundo turno, Porto Alegre é a única que ainda tem uma candidata na disputa.
Segundo o levantamento realizado por Zero Hora, 38 prefeitas foram eleitas em 2020 e 30 em 2016 — incluídos os resultados em segundo turno.
Teresa Marques, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), pontua que, embora exista um crescimento, ainda é pouco significativo:
— É importante destacar que o número de mulheres candidatas já é muito menor que o número de homens candidatos. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nós tivemos, aqui no Rio Grande do Sul, 129 mulheres candidatas à prefeitura e 1.085 homens candidatos. Isso mostra que há custos adicionais ao engajamento político das mulheres, que fazem com que não apenas tenham dificuldades de alcançar uma votação, mas, sobretudo, de entrar no mundo político.
Dados do g1 apontam que, no cenário nacional, 15,5% dos eleitos no primeiro turno das eleições de 2024 são mulheres. Para a professora da PUCRS, o perfil mais conservador do eleitorado gaúcho pode justificar a situação.
Em 2024, os partidos que mais elegeram prefeitas foram Progressistas (PP), Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e Partido Liberal (PL). Das 39 eleitas, 15 são do PP, 10 do MDB e quatro do PL.
Partido da Social Democracia (PSDB), União Brasil, Republicanos e Partido Social Democrático (PSD) elegeram duas prefeitas cada, enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) elegeram uma cada (veja detalhamento na tabela abaixo).
Em 2020, das 38 prefeitas eleitas, 10 eram do MDB, sete do PP e seis do Democratas — que depois se transformaria no União. Outros partidos, como o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) — que em 2023 se tornou Partido da Renovação Democrática (PRD) — e o PSDB também apareceram com força na última disputa.
— Percebemos que foi uma grande vitória dos partidos conservadores no campo da direita aqui no Estado. Em alguma medida, são partidos que assumem discursos que vão contra o avanço de direitos das mulheres. Então é importante não associar esse aumento no número de mulheres eleitas com o fortalecimento de pautas feministas ou progressistas de gênero — avalia Teresa.
As prefeitas eleitas com maior índice de apoio no Rio Grande do Sul foram Paula Librelotto (MDB) e Ana Paula Delolmo (MDB), que conseguiram 88,70% e 75,39% dos votos em Cruz Alta e Cacequi, respectivamente.
Em Pejuçara, na Região Noroeste, e Santa Tereza, na Serra, Flaviana Brandemburg Basso (MDB) e Gisele Caumo (PP), respectivamente, foram reeleitas à prefeitura em pleitos de chapa única e, por isso, tiveram 100% dos votos válidos.
Neste ano, a maior cidade gaúcha a eleger uma prefeita em primeiro turno foi Rio Grande, no Sul. Darlene Torrada Pereira (PT) teve 49,13% dos votos válidos registrados no último domingo.