A pouco mais de 40 dias para o primeiro turno do pleito municipal, o eleitorado de Caxias do Sul tem 342 candidatos aptos para ocupar uma das 23 cadeiras na Câmara de Vereadores. Do total de candidaturas, 117 são de mulheres. As eleições deste ano são a segunda onde cada partido teve que reservar um mínimo de 30% de candidaturas para cada gênero, conforme a legislação eleitoral brasileira.
Na eleição de 2020, primeiro ano da medida em vigor no país, o maior município da Serra registrou a participação de 488 candidatos a vereador. Do total, 166 eram mulheres. A diferença era de 322 homens a mais para concorrer a uma das cadeiras, sendo que foram eleitos 19 homens e cinco mulheres. O resultado foi considerado como a maior bancada feminina da história da Câmara de Caxias.
Neste ano, 225 homens a mais que o número de mulheres concorrem a um dos cargos de vereador. Conforme avalia o cientista político Fábio Hoffmann, apesar deste ano ter uma quantidade inferior ao número total de candidatos ao cargo em relação à última eleição, a presença feminina pode ser considerada maior.
— Quando olhamos para os números, que nos trazem os dados de forma fria, vemos que o espaço ainda permanece dentro do que a legislação estabelece como mínimo. Mas quando vamos para a análise substantiva, percebemos que o grau de competitividade feminina aumentou. Infelizmente, estamos longe do ideal. A questão chave é que a política ainda permanece sendo pouco atrativa para as mulheres — afirma Hoffmann.
Segundo o cientista político, o cenário está atrelado a uma desigualdade estrutural que ainda persiste entre homens e mulheres. Hoffmann observa que as cotas de 30% nem sempre garantem uma representação justa.
— As cotas de 30% que os partidos políticos deveriam proporcionar às candidaturas femininas foi driblada pelas candidaturas laranjas e o direcionamento de verbas que elas receberiam a candidatos homens. Hoje, a legislação diz que na questão orçamentária também deve haver essa cota de recursos, mas ainda vemos as mulheres sendo subtraídas em favorecimento de candidatos homens — pontua.
Apesar das dificuldades, as candidaturas de Caxias do Sul demonstram o aumento crescente de participação feminina na política. A competição ainda é desigual, ainda na opinião do cientista político, e a representatividade feminina permanece aquém do ideal, mas mudanças estão em andamento.
— Hoje vemos muitas candidaturas femininas com potencial real de eleição, candidaturas a prefeituras, ou como vices e vereadoras. Então, pensando de forma evolutiva, houve um crescimento não só formal, mas real, ou seja, o crescimento feminino na política tem sido substantivo — afirma Hoffmann.
O caminho para uma paridade de gênero na política exige não apenas medidas legislativas, mas também transformações estruturais na forma como os partidos políticos funcionam e na maneira como a política é percebida pelas mulheres.
— Recentemente, tivemos a troca de candidatos entre os Democratas, nos Estados Unidos, saindo Joe Biden, para a entrada de Kamala Harris, que reernergizou toda uma eleição. As mulheres não só precisam participar da política para alterar suas desigualdades em outras áreas, mas também porque a vibração de uma eleição é mais completa quando tanto homens, quanto mulheres, conseguem disputar os cargos de poder, seja da sua cidade, Estado ou país — conclui o cientista político.
A lista completa com os nomes e partidos de cada um dos 342 candidatos de Caxias do Sul está disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Partido Renovação Democrática (PRD)
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
União Brasil (União)
Republicanos
Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
Federação Brasil da Esperança (FE BRASIL)
Federação PSDB Cidadania
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
Partido Social Democrático (PSD)
Partido Progressistas (PP)
Partido Liberal (PL)
Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB)
Partido Novo (NOVO)
Podemos (PODE)
Democracia Cristã (DC)
Federação PSOL REDE