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Como foi o reencontro dos torcedores com a Arena do Grêmio após 134 dias

Publicada em 02/09/24 às 08:13h - 10 visualizações

por Rafael Favero


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 (Foto: Duda Fortes / Agencia RBS)

Esse é um momento histórico, hein? — gritou um gremista para o amigo enquanto ambos subiam a rampa de acesso à Arena, minutos antes de a bola rolar para Grêmio e Atlético-MG. E foi histórico. Torcida e time se reencontraram com o lar tricolor, na zona norte de Porto Alegre, após 134 dias. 

Depois de ser invadido pela enchente, em maio, o estádio ficou inundado de emoção na manhã deste domingo (1°). Houve quem viajou mais de 600 quilômetros apenas para matar a saudade da Arena e voltar, como foi o caso do engenheiro civil Rafael Pietrobom, 39 anos, que veio de Francisco Beltrão, no Paraná, de carro, com a família. 

— Vou tentar um autógrafo do Caíque e do Soteldo, que a minha filha adora — contou, enrolado na bandeira do Grêmio, perto do campo, nas cadeiras do setor Gramado Leste, que recebeu o público de 10.147 pessoas junto à Arquibancada Norte. 

Entre os confortos de estar em casa, os torcedores puderam ver, de pertinho, os jogadores aquecerem no gramado — contrariando a restrição sugerida previamente pela Arena Porto-Alegrense, para preservação do gramado, trocado em junho. Com operação reduzida, somente o anel inferior das arquibancadas estava aberto

— É sempre a realização de um sonho estar aqui. A força da torcida é o principal. A torcida é o carro-chefe, é o que puxa o time — afirmou o empresário Mário César Dias Pereira Filho, 32 anos. 

Apesar da festa do futebol, as marcas da enchente não saíram da lembrança dos torcedores, ainda mais dos moradores de Porto Alegre. A engenheira civil Fernanda Duarte, 52 anos, viu a região inundada há quatro meses e, neste domingo, pôde acompanhar a partida sem sobressaltos no trânsito ou no acesso ao estádio. 

— Estar podendo acompanhar um jogo em um lugar que estava debaixo d'água é uma emoção. Estou muito feliz. As marcas da enchente ainda podem ser vistas. Quando os jogadores entraram para reconhecer o gramado, ouvi o Reinaldo dizendo que tinha muita areia — relatou a torcedora. 

Bola rolando

Depois do apito, a saudade deu lugar às emoções do jogo de futebol. O time gremista voltou a conviver com o apoio da torcida no ambiente que estão acostumados. 

Mas o dia não foi só de aplausos e cânticos de exaltação. Gustavo Martins ficou com a orelha quente ao levar cartão vermelho aos 19 minutos do primeiro tempo. 

— É muita vontade de ser ser expulso — reclamou um torcedor. 

No gol de Braithwaite, que abriu o placar para o Grêmio aos 31 minutos, os gremistas, definitivamente, voltaram a se sentir em casa. Puderam vibrar com o primeiro gol da Arena reaberta, imitando, com punhos fechados, o gesto que o centroavante fazia na comemoração, poucos metros abaixo.

Quanto ao cenário fora do palco da partida, Zero Hora não teve relatos de problemas nos acessos. Nada além de lentidão no trânsito ou de filas nos portões, situações que, antes da tragédia climática, já faziam partida da rotina do torcedor. 

Mesmo com a venda de alimentos só por ambulantes — os bares estavam fechados — não houve imprevistos. A orientação da Arena era que as compras fossem feitas exclusivamente por dinheiro, devido à instabilidade do sinal de internet. Contudo, os ambulantes tentaram utilizar as máquinas de cartão e receberam pagamentos por PIX. 

Entorno

Do lado de fora da Arena, a frustração da derrota foi amenizada com cerveja e churrasco. Os bares da Avenida Padre Leopoldo Brentano ficaram novamente agitados e passaram a receber cada vez mais clientes à medida em que a tarde chegava. 

No meio da fumaça, não faltaram críticas ao time que levou a virada após abrir 2 a 0 de vantagem. 

— Depois que colocamos essa estátua (de Renato Portaluppi, na esplanada da Arena), deu tudo errado — indignou-se um dos assadores. 

— Eles querem me enlouquecer — queixou-se outro gremista ao companheiro. 

Dentro do estádio, o tempo permaneceu fechado para o Grêmio, derrotado por 3 a 2. Fora dele, o céu abriu-se logo após o meio-dia em um azul claro e cintilante para quem participou da retomada da Arena. A temperatura subiu, o vento gelado arrefeceu, e os donos dos bares agradeceram.




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