Há bandas cujo som se torna datado porque ficou associado à juventude dos músicos e do público que ouvia essa banda. Quando irrompeu em 1994 com forrocore desbocado, cheio de testosterona e irreverência, o grupo brasilense Raimundos foi jorro de novidade na cena brasileira de rock.
Decorridos 30 anos, a banda insiste na juventude e lança hoje, 6 de novembro, o single Maria Bonita, amostra inicial do primeiro álbum de músicas inéditas e de estúdio feito pela banda em dez anos, X X X. Maria Bonita é composição do guitarrista Digão em parceria com Vitor Mendes.
Justiça seja feita: Maria Bonita é hardcore de toque nordestino que nem faz feio diante do repertório pregresso dos Raimundos, mas que ninguém espere a graça insolente de 1994, já inadmissível em mundo politicamente correto.
Ciente de que o mundo mudou ao longo dos últimos 30 anos, inclusive no que diz respeito ao já intolerado machismo, a banda adota o discurso de que o single Maria Bonita faz “ode às mulheres fortes e inteligentes”. Ou seja, Digão (voz, guitarra e produção musical), Caio (bateria), Jean Moura (baixo e vocal) e Marquim (guitarra e vocal) tentam se adequar ao tom de 2024.
Longe de ser ruim, o single Maria Bonita somente deixa no ar a sensação de que a espontaneidade e o atrevimento juvenil dos Raimundos já se dissolveram ao longo do caminho.