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RS tem 58% dos estudantes universitários em cursos EAD; é o segundo maior percentual entre os Estados

Publicada em 14/10/24 às 07:33h - 7 visualizações

por Beatriz Coan


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 (Foto: PheelingsMedia / stock.adobe.com)

A parcela de estudantes do Ensino Superior na modalidade de educação a distância (EAD) cresce a cada ano no Rio Grande do Sul. Em 2023, 58,3% (343.209) dos universitários gaúchos estavam matriculados em cursos ministrados de forma remota. Essa é a segunda maior porcentagem registrada entre os Estados, atrás de Santa Catarina, com 59,2% (274.240).

Os dados anuais do Censo do Ensino Superior, realizado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que o RS é o Estado em que essa parcela de estudantes mais cresceu nos últimos 10 anos. De 2014 para 2023, foi registrado um aumento de 39,6 pontos percentuais entre os universitários gaúchos que estudam de forma remota.

Segundo os dados apresentados, no ano passado dos 9,9 milhões de estudantes no Ensino Superior, o Brasil registrou 49,25% (4,9 milhões) de alunos na modalidade a distância e 50,75% (5,06 milhões) no modelo presencial. A diferença entre as duas formas em 2023 era de apenas 150.220 matrículas.

número de alunos presenciais foi superado em 2022 no RS, quando 55% (316.462) das matrículas universitárias eram em cursos EAD. Porém, o histórico mostra que a presença de universitários em cursos a distância já vinha de uma crescente desde 2016.

— Houve uma aceleração ainda maior a partir de 2017, quando foi bastante desregulamentada a EAD no Brasil, com menor exigência em relação aos polos. Existe uma correlação, que já foi verificada, entre o fato de que não haver formas de financiamento ao ensino presencial faz com que os alunos tendem a buscar o ensino à distância — explica Artur Jacobus, vice-reitor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e representante do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung).

Em 2015 houve mudanças nas regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o que teve reflexos no número de universitários matriculados em cursos de EAD. Para Jacobus, os dados mostram uma clara correlação entre a diminuição da oferta do Fies e o aumento de alunos em curso de EAD:

—  Claramente, tem uma correlação entre queda, ou diminuição, ou, praticamente, suspensão da oferta de financiamento estudantil público e o crescimento da educação a distância. Porque é uma alternativa. O aluno que não tem uma quantidade de recursos suficiente para pagar uma educação presencial, que é mais cara, ele acaba optando pelo ensino a distância.

O maior crescimento, em comparação com os outros Estados, de universitários em cursos de EAD no RS também tem relação com o perfil da população. A presidente do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Lúcia Teixeira, relaciona o aumento ao fim da Educação Básica:

— O que a gente vê em relação aos Estados, no Rio Grande do Sul o número de concluintes do Ensino Médio continua caindo, ou seja, de jovens. Os jovens são aqueles que mais estão nos cursos presenciais, enquanto nos cursos a distância, a gente tem prevalência daqueles que têm mais de 30 anos. Então, como menos jovens se formam no Ensino Médio, ou também vão trabalhar, se formam, precisam trabalhar por causa da situação econômica e só depois eles vão estudar. E aí eles procuram muitas vezes o EAD, e é mais barato, que tem essa flexibilidade de horários, de situações, podem estudar de qualquer lugar.

Na análise de Jacobus, o aumento de alunos em cursos de EAD pode ser visto de forma negativa. Apesar do modelo ser uma forma de democratizar o acesso ao Ensino Superior, ele aponta que existe alto índice de evasão entre os estudantes e que o desempenho em avaliações, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), é inferior ao de alunos de cursos presenciais.

— É preciso entender, valorizar a possibilidade de que mais pessoas possam cursar o Ensino Superior, e a modalidade a distância permite isso, isso é positivo, mas que, na nossa visão, tem uma certa disfunção. O EAD deveria ter um papel complementar, ele não deveria ser a principal forma de ingresso no Ensino Superior no Brasil ou em qualquer outro país — aponta Jacobus. 

O vice-reitor representa o Comung no Conselho Consultivo para o Aperfeiçoamento dos Processos de Regulação e Supervisão da Educação Superior (CC-Pares), que está avaliando a qualidade do Ensino Superior e a possibilidade de nova regulamentação que exija maior qualidade do EAD.

Tanto para Jacobus, quanto para Lúcia, são necessários mais estímulos para que o jovem possa estudar. Seja por meio de programas sociais ou de financiamentos estudantis.




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