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Prejuízo do Mercado Público de Porto Alegre deve chegar a R$ 27 milhões

Publicada em 15/05/24 às 21:33h - 16 visualizações

por VITOR NETTO


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 (Foto: André Ávila / Agencia RBS)

Considerado um ponto tradicional do comércio e do turismo de Porto Alegre, o Mercado está alagado desde o dia 3 de maio. De lá para cá, o local está fechado. Não há circulação de clientes ou comerciantes, apenas uma ronda passa pelo local para verificar possíveis furtos e cuidar do patrimônio que restou. A estimativa da Associação dos Permissionários do Mercado Público de Porto Alegre é de que o prejuízo, somando os itens perdidos e o tempo parado, chegue pelo menos ao montante de R$ 27 milhões. 

Alguns itens foram salvos pelos comerciantes ainda durante o período de prevenção, quando foi informado da possibilidade de alagamento e realizada a evacuação. Contudo, alguns artigos considerados "perecíveis" ficaram e, segundo cálculos da associação, a perda desse estoque que ficou para trás pode somar algo em torno de R$ 2 milhões. 

Houve também a perda de móveis, refrigeradores, peças, prateleiras de mostruários e outros itens, que podem passar da quantia de R$ 10 milhões para serem recolocados. Além disso, há prejuízo de receita, já que as bancas estão fechadas. Diariamente, circula em média R$ 500 mil no Mercado Público. Em um período de quase um mês, já que não há expectativa de reabertura antes do fim de maio, o valor que deixará de circular se aproxima de R$ 15 milhões. 

— A água no momento está com 1m80cm dentro da galeria, o que não permite os trabalhos. 80% das operações do térreo foram afetadas diretamente — ressaltou o presidente da Associação, Rafael Sartori — Até o final do mês, não vamos reabrir — completou.

Reuniões com a prefeitura estão sendo realizadas para tratar da reabertura do espaço. Ainda não há uma definição de como ou quanto será, mas a ideia é de que quando a água baixar os permissionários consigam iniciar a limpeza e reparos. 

— Dividimos em quatro fases. A de prevenção, que foi o alerta 48 horas antes da evacuação. Agora, vamos esperar a água baixar e quando estiver com uns 30 ou 40 centímetros, vamos conseguir acessar com caminhões para retirar os itens perecíveis que estragaram, os itens danosos. Depois vem a dedetização, pois tivemos muitas infestações, e por fim a higienização — explicou o presidente. 

A expectativa é de que a água baixe até o fim do mês, e as demais etapas sejam realizadas em duas semanas. 

Apoio da prefeitura

O Mercado Público é um espaço da prefeitura de Porto Alegre. Mensalmente, os permissionários pagam outorga (alugueis) dos pontos, que variam de acordo com o espaço e localização. Além dos gastos condominiais, como água e energia, que são rachados entre os mais de 100 comerciantes. 

A reabertura do espaço está sendo tratada diariamente pelo poder municipal. O secretário de Administração e Patrimônio de Porto Alegre, André Barbosa, acompanha as reuniões. 

— Assim que tivermos condições de entrar, vamos fazer a remoção de entulho e limpeza pesada. Os mercadeiros vão acessar as suas lojas e verificar o prejuízo, estimando a despesa — argumentou. 

Os artigos estragados dentro das bancas são de responsabilidade dos próprios permissionários, mas os itens de espaço público, como escadas rolantes, elevadores, banheiros e outros, terão de ser consertados pela prefeitura. Segundo o secretário, será utilizado recursos do Fundo do Patrimônio Imobiliário (Fun-Patrimônio), que é um Fundo voltado para a preservação e aprimoramento do patrimônio imobiliário da cidade. 

— É uma tristeza terrível, mas vamos enfrentar. As vidas foram preservadas e o patrimônio a gente corre atrás — destacou Barbosa.

Além disso, a prefeitura já isentou a outorga do mês de maio e será estudado formas de cobrança e pagamento das outorgas dos próximos meses

Espera para a reconstrução

O presidente da Associação, Rafael Sartori, é da terceira geração de proprietários da Casa de Carnes Santo Angelo, que está no Mercado desde os anos 1960. 

— É uma mistura de sentimentos. Tristeza com o que está acontecendo com todo o Estado, mas ao mesmo tempo o que nos motiva é que o Mercado é um símbolo de resiliência — completou. 

A família de Carolina Kader é proprietária de duas lojas: o Armazém de Confeiteiro, que trabalha com produtos naturais e confeitaria há 30 anos no térreo, e o Mercado de Ideias, que é uma sala de cursos do ramo de culinária e que fica no segundo andar. Esse último ficou os últimos 10 anos fechados, devido ao incêndio que atingiu o Mercado Público em 2013.

— Não temos a real extensão dos danos. É sem precedentes. No Armazém, perdemos praticamente tudo. Balcão, freezer, computadores. Não contabilizamos ainda os custos — comentou Carolina — Estamos contando que vamos reconstruir do zero. Nunca passamos nada do tipo — acrescentou. 

 Antes de evacuar a família, ela conseguiu levantar alguns móveis e retirar itens perecíveis, mas não imaginava o quanto subiria o nível da água. 

— Hoje, temos o nosso cartão postal da cidade submerso — finalizou. 


André Ávila / Agencia RBS




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